segunda-feira, 27 de abril de 2009

História da Matilde

Esta história é quase contada na primeira pessoa. Não acaba bem, nem mal, porque continua. E começou há 12 anos. É uma história de sobrevivência de um cancro raríssimo causado pelo vírus da mononucleose. Mas principalmente é uma história de muita dor. Que não acabou. Pelo contrário.
Matilde (nome fictício), 55 anos, recua até à Primavera de 1986 e às memórias com as quais ainda hoje tem muita dificuldade em lidar, para contar ao PortugalDiário como tudo começou. Fecha os olhos, recua, abre-os, recorda, aperta as mãos, mesmo os dois dedos da mão direita que mexe perfeitamente, mas não sente... E começa.
«Apareceram-me gânglios no pescoço». Primeiro foi o médico de clínica geral que não valorizou, depois foi o coração a dar o aviso, e os cardiologistas do hospital a dizerem-lhe que não tinha nada. Como as dores cardíacas persistissem voltou ao hospital de madrugada e, nessa altura, perante as perguntas do médico, falou dos gânglios. A partir daí, «entre análises e consultas, a médica admitiu a hipótese de um linfoma, mas não me disse, li ao contrário o que ela tinha escrito no relatório».
Estávamos no mês de Março. A médica reclamou urgência, desdobrou-se em contactos para apressar uma operação que permitisse recolher parte dos gânglios, mas só conseguiu uma consulta para Julho. A operação aconteceria muito depois.
«Não sabia se estaria viva dali a um ano»
Matilde não se conformou: «Usei muitas cunhas, falei com quem conhecia e com quem não conhecia. Consegui ser operada em Abril». Uns dias antes desta operação contou finalmente ao marido. Também antes da operação e com a palavra «linfoma» lida ao contrário na cabeça, comprou, com um ano de antecedência, o vestido da primeira comunhão da filha. «Não sabia se estaria viva dali a um ano». Silêncio. «Isto custa-me muito. É dos momentos que mais me custa». Chora. «Já não chorava há muito tempo. Agora já só choro na psicoterapia».
«Há outro momento que mexe muito comigo e que me custa falar... eu andava a fazer radioterapia e sentia-me mesmo mal, o meu filho estava no primeiro ano do 1º ciclo e pediu-me para vestir um bonequinho de esponja que tinham feito na escola. Não conseguia mesmo, não queria fazer, não tinha força. Tentei dizer-lhe, mas ele insistia: «Mamã, mas todos os meninos vão ter...» Eu fiz.» Matilde volta a chorar. Parámos. Mudamos de assunto. Para ganhar forças. Ou parar. «Não, eu quero continuar».
Voltámos à operação. «Tiraram-me alguns gânglios e enviaram-nos para o patologista. O médico disse logo ao meu marido que era um linfoma. A mim não. Curiosamente o patologista reconheceu o meu nome de termos sido colegas de infância e ligou a uma amiga comum que a seguir ligou ao meu marido. Era um carcinoma da nasofaringe. Foi a vez do meu marido guardar segredo».
O víris da mononucleose pode «acordar»
Matilde explica que este tipo de carcinoma, raríssimo, é provocado pelo vírus Epstein-Barr. «Em tempos terei tido mononucleose e fiquei portadora deste vírus. Se uma pessoa estiver muito fraca ou tiver sofrido um choque emocional forte o vírus pode «acordar» e alojar-se num ponto do sistema respiratório. A mim aconteceram-me as duas situações, estava muito fraca porque os meus filhos não dormiam (só começaram a dormir depois dos 5 anos) e o meu pai tinha morrido há dois meses. Mas tudo isto só soube depois».

Perante o diagnóstico de carcinoma da nasofaringe, o marido de Matilde tentou contactar a médica, mas ela estava de férias. Optou então por lhe contar. O mundo de Matilde caiu-lhe aos pés. Mas conseguiu reunir forças e decidiu «furar o sistema». Foi falar com o patologista, falou com uma amiga do Hospital de Santo António e com mais dois médicos e optou-se por se mudar para o IPO. «Com cunha», admite.
Para não atrasar o processo, fez biópsia e TACs a nível particular e nem sequer accionou o seguro. No IPO do Porto, os médicos decidiram então que iria fazer radioterapia intensa seguida de quimioterapia, porque, no sítio onde estava, o carcinoma não era operável e os gânglios já eram metástases». Este tratamento todo demorou um ano. Professora do ensino secundário, apaixonada pela sua Matemática, conseguiu não meter baixa, no Conselho Executivo ajudaram-na. Queria passar tudo isto e voltar.
Os tratamentos
«Todos os dias fazia radioterapia. Saía de lá muito cansada, enjoada, dorida, muito ferida, queimada até, do nariz até ao peito. Algumas vezes tive de interromper as sessões dadas as sequelas. O meu organismo não aguentava. Tinha um ar muito doente. Lembro-me que me custava muito fazer o jantar.» E os miúdos? «Ela tinha sete/oito anos, ele tinha cinco/seis anos, não se lembram de muito dessa altura, só que eu tinha o cabelo muito branco. Não o pintava. Achava que me podia fazer mal, como as tintas têm químicos¿».
Depois começou a quimioterapia. «E foi ainda pior porque tinha de estar uma semana inteira internada e 23 horas com químicos. «Soltavam-me» uma hora de manhã, para tomar banho. O meu caso era mesmo muito grave, já estava no sistema linfático. Acabei por só fazer três semanas de quimioterapia. Era demasiado agressiva e não aguentei. Comecei então outro tipo de quimioterapia, de três em três semanas uma sessão de uma hora».
Sequelas não mais paparam
O carcinoma «morreu», mas as consequências não mais pararam de aparecer. «Fiquei quase sem saliva, fiquei surda (uso aparelho), tive várias infecções nesta zona (nasofaringe), um osso do maxilar morreu, o que me causou várias infecções. Aliás, suspeita-se que ainda não tenha saído todo.» Matilde explica melhor: «Era uma osteoradionecrose provocada pela radioterapia. Depois de ter tirado um dente, fiquei com um buraquinho na boca, que nunca fechava, não cicatrizava. Por isso, havia infiltração de bactérias. Tive de fazer oxigenoterapia para cicatrizar e, para isso, tive de ir para o Hospital da Marinha, em Lisboa, porque é o único sítio onde existe uma máquina hiperbárica. Fiz tratamentos diários durante três meses».
Mas as sequelas não pararam por aqui. Também por causa da radioterapia, há cerca de dois anos, duas vértebras partiram. «Dentro do meu azar tive sorte porque as vértebras, contrariamente ao que os médicos esperavam, em vez de se afastarem e afectarem a medula, o que me deixaria paralítica, encaixaram uma na outra, o que me causa dores imensas e me impede de fazer quase tudo. Para andar de carro, por exemplo, tenho de usar colarinho».

Mais recentemente, também consequência da radioterapia, a separação entre a faringe e a laringe de Matilde rompeu-se e os alimentos começaram a ir para o pulmão. Actualmente Matilde tem um tubo comprido e fininho ligado ao estômago onde são injectados os alimentos, depois de picados e posteriormente passados pela varinha mágica. «Se meter qualquer coisa à boca pode ser muito perigoso, não só pode sair pelo nariz como ir para o pulmão e causar-me uma pneumonia».
«Perdi a noção de quantas vezes já fui para o IPO»
Esta professora de Matemática reformada já teve duas pneumonias. Uma na sequência das costelas terem partido e outra provocada pelos alimentos. Da primeira vez esteve internada no Santo António, depois ficou no IPO. «Estive internada muito tempo, não sei quanto, perdi a noção. Era uma pneumonia contagiosa. Estive isolada e não podia receber visitas¿ Pensei que já não sairia dali¿ Sabe, já perdi a conta quantas vezes fui para o IPO com problemas associados, nomeadamente com uma alergia à penicilina, que entretanto adquiri. Não morri asfixiada por minutos».
«Há algo a que nunca me habituarei
12 anos depois de lhe terem diagnosticado um linfoma, Matilde carrega o mundo nas costas, um peso insuportável que faz com que não consiga sair de uma depressão profundíssima. «O ano de tratamento foi mau, mas foi ultrapassado. Se não tivesse tido sequelas diria que tenho uma vida normal, mas a ausência de saliva nunca me deixou esquecer. Ainda assim, encontrei soluções. Mas aquilo a que nunca me adaptarei é a fazer uma alimentação por um tubo. Isso condiciona toda a minha vida. E a questão é que não sei quanto tempo vou viver. E se o buraquinho por onde entra o tubo infeccionar?...»
Sente que é uma sobrevivente? Silêncio. Longo. Por fim, a resposta: «Sim. Sei que fiz tudo o que tinha que fazer e que fiz tudo para aparecer na estatística dos sobreviventes por causa dos meus filhos. Mas todos os dias é um pesadelo. Aquilo que eu vivi não compensou. Só compensou por eles, para eles, que precisavam de ter uma mãe». E consegue olhar para o futuro? «Consigo, mas de uma forma muito negativa. Estes 12 anos ensinaram-me que há outras sequelas que ainda vão aparecer».

Tirado o site: http://diario.iol.pt/sociedade/cancro-sobrevivencia-reportagem-testemunhos/942846-4071.html

domingo, 26 de abril de 2009

Cancro do estômago

Cancro do estômago:

O cancro do estômago é o nome comum da neoplasia maligna da mucosa do estômago denominada melhor como carcinoma gástrico, que constitui quase 95% das neoplasias malignas deste órgão. Apesar de teoricamente qualquer tipo de célula poder dar origem a um cancro, outras células gástricas raramente são a origem de neoplasias malignas.

Epidemiologia
O carcinoma gástrico, derivado das células da mucosa, constitui mais de 90% dos cancros do estômago. Mais raramente podem surgir certos tipos de
linfomas (menos de 4% dos casos); tumores carcinóides (<3%)>fibroblastos (menos de 2%). Estas outras neoplasias não são geralmente denominadas na linguagem comum como cancros do estômago apesar de terem a sua origem neste órgão.
A incidência do carcinoma gástrico varia muito de acordo com os países, provavelmente devido a diferenças no tipo de alimentação. Nos
EUA (cerca de 3 mortes em 100.000 pessoas por ano), Reino Unido, França e Alemanha, por exemplo, a incidência é muito menor que no Japão, Chile ou Portugal, que com 29 mortes por 100.000 pessoas por ano tem uma das taxas mais elevadas do mundo para este tipo de cancro. É em todo o mundo uma das principais causas de morte por cancro.
A doença afecta duas vezes mais homens que mulheres e tende a surgir após a quinta década de vida.


Etiologia:

O principal factor de risco para o surgimento do carcinoma é a infecção crónica durante décadas com a bactéria Helicobacter pylori, que causa uma gastrite atrófica persistente, muitas vezes com formação de úlcera péptica. As úlceras pépticas não tratadas podem degenerar devido à grande taxa de multiplicação das células da mucosa, que tentam cicatrizar a lesão, aumentando a sua taxa de mutação (quanto maior o número de divisões com cópia do DNA maior a probabilidade de alterações genéticas).
Outros factores de risco significativos são o
tabagismo e o alcoolismo.

Progressão e sintomas:

Inicialmente os sintomas são os de uma possível
úlcera péptica gástrica ou de gastrite, contudo a grande maioria das úlceras pépticas não são cancerosas. Mesmo assim, a maior parte dos diagnósticos é efectuada aquando do diagnóstico de uma úlcera gástrica. As úlceras cursam com dor após as refeições e falta de apetite e se não são tratadas podem a longo prazo degenerar em carcinomas. É frequentemente assintomático na fase inicial, o que explica o seu mau prognóstico.
Se o cancro não é detectado na fase inicial, ele dissemina-se, primeiro directamente para a parede do
duodeno ou esófago, e depois via cavidade peritoneal, via sanguínea e linfática para qualquer órgão, formando metástases, especialmente no fígado e pulmão. Estes estágios avançados têm pior prognóstico.
Sintomas comuns das fases mais avançadas são a dor permanente e intensa na região, central logo abaixo das
costelas, do estômago (região epigástrica), por vezes irradiando para as costas; falta de apetite e emagrecimento rápido (caquexia típica de qualquer condição maligna). Se o tumor está localizado no piloro do estômago, pode haver estenose com vómitos após as refeições, que aliviam as dores. A perda continua de pequenas quantidades de sangue pode passar despercebida mas também pode causar anemia microcítica por défice de ferro. Por vezes em casos avançados a massa tumoral pode ser sentida directamente pela palpação. Outros sintomas possiveis são a ascite.

Diagnóstico:

O diagnóstico do carcinoma do estômago é geralmente feito após queixas semelhantes às de úlcera gástrica. É feita
endoscopia com recolha de amostras por biópsia, cuja análise histológica permite distinguir uma úlcera benigna de uma cancerosa.
A avaliação de grau de metastização hepático é feita através de uma exame
tomografia computadorizada.

Tratamento e prognóstico:

O tratamento é cirúrgico, mas apenas em casos detectados nos estágios mais iniciais é provável a cura. Por vezes é efectuada uma gastrectomia parcial, mas frequentemente todo o
estômago é removido (gastrectomia), sendo feita uma anastomose (comunicação) entre o esófago e o duodeno. O paciente fica limitado a alimentos pastosos e líquidos por toda a vida.
Em casos em que já ocorreu metastização disseminada, o tratamento é com
quimioterapia ou meramente paliativo, com administração de opióides.
Dos casos detectados precocemente e tratados por gastrectomia, mais de 90% vivem mais de 5 anos, correspondendo a maioria a curas verdadeiras. Apenas cerca de 15% dos doentes diagnosticados com carcinoma do estômago avançado vivem além de 5 anos após o diagnóstico, mesmo com tratamento.

Próstata

Próstata


A próstata é um órgão do sistema reprodutor masculino que ajuda a produzir e armazenar fluido seminal. Nos homens adultos, a próstata normal possui cerca de 3 centímetros de comprimento e pesa cerca de vinte gramas. Está localizada na pelve, abaixo da bexiga urinária e na frente do reto. A próstata envolve parte da uretra, o ducto que carrega a urina da bexiga durante o ato de urinar e carrega o sêmen durante a ejaculação. Devido a sua localização, as doenças da próstata geralmente afetam o controle urinário, ejaculação e raramente defecação. A próstata contém pequenas glândulas que produzem cerca de vinte por cento do fluido que constitui o sêmen.
No câncer de próstata, estas células sofrem mutações e se transformam em células cancerosas. As glândulas da próstata necessitam de hormônios masculinos, conhecidos como andrógenos, para funcionar corretamente. Os andrógenos incluem a testosterona, que é produzida nos testículos, a dehidroepiandrosterona, produzida nas supra-renais e a dihidrotestosterona, que é convertida a partir da testosterona no interior da próstata. Os andrógenos também são responsáveis pelas características sexuais secundárias dos homens, como os pêlos da face e uma massa muscular aumentada.

Sintomas:

O câncer de próstata precoce não causa sintomas. Geralmente é diagnosticado após um teste de PSA elevado. Às vezes, entretanto, o câncer de próstata causa sintomas semelhantes aos da hiperplasia prostática benigna. Estes sintomas incluem polaciúria, urinar mais à noite, dificuldade em iniciar e manter um jato contínuo de urina, sangue na urina e ato de urinar doloroso. O câncer de próstata pode também causar problemas com a função sexual, como dificuldade em atingir uma ereção ou ejaculação dolorosa.
O câncer de próstata avançado pode causar sintomas adicionais à medida que a doença se espalha para outras partes do corpo. O sintoma mais comum é
dor óssea, geralmente nas vértebras (ossos da coluna), pelve ou costelas, do câncer que se espalhou para estes ossos. O câncer de próstata na coluna pode também comprimir a medula espinhal, causando fraqueza nas pernas e incontinência urinária e fecal.

Patofisiologia:

Quando as células normais são danificadas, elas são eliminadas por apoptose. As células cancerosas evitam a apoptose e continuam a se multiplicar de uma maneira descontrolada.
O
câncer de próstata é classificado como um adenocarcinoma, ou câncer glandular, que inicia quando as células glandulares secretoras de sêmen da próstata sofrem mutações e se transformam em células cancerosas. A região da próstata em que o adenocarcinoma é mais comum é a zona periférica. Inicialmente, pequenos agrupamentos de células cancerosas se mantêm confinados às glândulas prostáticas normais, uma condição conhecida como carcinoma in situ ou neoplasia intraepitelial prostática (NIP ou PIN). Embora não haja prova de que a NIP seja uma precursora do câncer, ela está intimamente relacionada ao câncer. Ao longo do tempo estas células cancerosas começam a se multiplicar e se espalhar para o tecido prostático circundante (o estroma) formando um tumor. Finalmente, o tumor por crescer ao ponto de invadir órgãos próximos a ele, como as vesículas seminais ou o reto. As células tumorais ainda podem desenvolver a habilidade de viajar através da corrente sanguínea e sistema linfático. O câncer de próstata é considerado um tumor maligno porque é uma massa de células que pode invadir outras partes do corpo. Esta invasão de outros órgãos é chamada de metástase. O câncer de próstata geralmente gera metástase nos ossos, linfonodos, reto e bexiga urinária.

Diagnóstico:

Biópsia:

Se há suspeita de câncer, realiza-se uma biópsia da próstata. Durante a biópsia o urologista obtém amostras do tecido da próstata através do reto. Uma pistola de biópsia insere e remove agulhas especiais (geralmente três a seis em cada lado da próstata) em menos de um segundo. As biópsias de próstata são feitas rotineiramente e raramente necessitam de hospitalização. Cinquenta e cinco por cento dos homens relatam desconforto durante o procedimento.

Escore de Gleason:

Ver artigo principal: Escore de Gleason
As amostras de tecido da próstata são então examinadas sob microscópio para determinar se há presença de células cancerosas e para avaliar as características microscópicas (ou escore de Gleason) de algum câncer encontrado.

Marcadores tumorais:

As amostras de tecidos podem ser coradas para investigação da presença de PSA ou outros marcadores tumorais a fim de determinar a origem de células malignas que sofreram metástase.

Estadiamento:

Ver artigo principal: Estadiamento do câncer de próstata
Uma importante parte na avaliação do câncer de próstata é a determinação do estágio, que significa o quão longe o câncer já se espalhou. Conhecer o estágio ajuda a definir o prognóstico e é útil para se escolher a terapia. O sistema mais comum é o sistema de quatro estágios, o sistema TNM (abreviação para Tumor/linfoNodos/Metástases). Seus componentes incluem o tamanho do tumor, o número de linfonodos envolvidos e a presença de alguma metástase.
A distinção mais importante feita pelo estadiamento é se o câncer está ou não ainda confinado à próstata. No sistema TNM, os cânceres T1 e T2 são encontrados somente na próstata, ao passo que os T3 e T4 já se espalharam. Diversos testes podem ser usados para procurar evidências da dispersão do câncer (
metástase). Eles incluem tomografia computadorizada para avaliar a dispersão na pelve, cintilografia dos óssos para procurar sinais nos ossos e ressonância magnética para avaliar a cápsula prostática e vesículas seminais. Os exames dos ossos mostram aparência osteoblástica devido a uma densidade óssea aumentada nas áreas em que há metástase óssea - em oposição ao que é observado em muitos outros cânceres que metastatizam.
Depois de uma biópsia da próstata, o
patologista observa as amostras sob microscópio. Se o câncer estiver presente, o patologista relata o grau do tumor. O grau revela quanto o tumor se diferencia do tecido prostático normal e sugere quão rápido o tumor irá crescer. O sistema de Gleason é usado para graduar tumores de 2 a 10, sendo o escore de Gleason 10 indicando as maiores anomalias. O patologista atribui um número de 1 a 5 para o padrão mais comum observado na amostra sob o microscópio, e então atribui outro número de 1 a 5 para o segundo padrão mais comum. A soma destes dois números é o escore de Gleason. A graduação adequada do tumor é crítica, já que o grau do tumor é um dos principais fatores usados para determinar qual tratamento será recomendado.

Tratamento:

Advertência: A Wikipedia não é um consultório médico.
Se necessita de ajuda, consulte um profissional de saúde.As informações aqui contidas não têm caráter de aconselhamento.
O tratamento é variável, dependendo do estadiamento da
neoplasia, que a grosso modo pode ser dividido em tumor localizado e tumor metastático.
O tratamento do tumor localizado pode ser
cirúrgico ou radioterápico.
O tratamento de tumor metastático baseia-se no bloqueio
hormonal da testosterona, inibindo assim o crescimento da massa tumoral sendo frequentemente um tratamento adicional importante. Podem ser utilizados vários tipos de drogas com eficácia e efeitos colaterais variáveis que devem ser levados em conta no momento da escolha do tratamento.

Cirurgia:

A remoção cirúrgica da próstata, ou prostatectomia, é um tratamento comum tanto para os cânceres de estágio precoce, quanto para cânceres que falharam em responder à radioterapia. O tipo mais comum é a prostatectomia retropúbica radical, quando o cirurgião remove a próstata através de uma incisão abdominal. Outro tipo é a prostatectomia perineal radical, quando o cirurgião remove a próstata através de uma incisão no períneo, a pele entre o escroto e o ânus. A prostatectomia radical pode também ser realizada laparoscopicamente, através de diversas pequenas incisões (1 cm) no abdômen, com ou sem o auxílio de um robô cirúrgico.
A
prostatectomia radical é eficiente contra tumores que ainda não se espalharam além da próstata;[12] com as taxas de cura dependendo dos fatores de risco como o nível de PSA e escore de Gleason. Entretanto, ela pode causar lesão nos nervos que significativamente pode alterar a qualidade de vida de um sobrevivente do câncer de próstata. As complicações sérias mais comuns da cirurgia são incontinência urinária e impotência. Embora a sensação peniana e a habilidade de se atingir o orgasmo geralmente permaneçam intactas, a ereção e ejaculação frequentemente são prejudicadas. Medicamentos como a sildenafila (Viagra), tadalafila (Cialis) ou vardenafila (Levitra) podem recuperar em algum grau a potência. Para a maioria dos homens com doença restrita à próstata, uma técnica cirúrgica que preserva os nervos pode ajudar a evitar a incontinência urinária e impotência.
A prostatectomia radical tem tradicionalmente sido utilizada sozinha quando o câncer é pequeno. Quando há margens positivas ou doença localmente avançada, a radioterapia adjuvante pode oferecer uma melhor sobrevivência. A cirurgia também pode ser oferecida quando o câncer não responde à radioterapia. Entretanto, como a radioterapia causa mudanças teciduais, a prostatectomia após a radioterapia possui um risco maior de complicações.
A prostatectomia radical laparoscópica é forma mais moderna da clássica prostatectomia retropúbica radical. Em contraste com a cirurgia aberta do câncer de próstata, a prostatectomia radical não requer uma grande incisão. Utilizando tecnologia moderna, como a miniaturização e fibras ópticas, a prostatectomia radical laparoscópica é um tratamento minimamente invasivo para o câncer de próstata.
A
ressecção transuretral de próstata, geralmente chamada de "RTU de próstata", é um procedimento cirúrgico realizado quando o canal entre a bexiga e o pênis (uretra) é bloqueada pelo aumento da próstata. A RTU de próstata é geralmente realizada para doença benigna (hiperplasia prostática benigna) e não é considerada um tratamento definitivo para o câncer de próstata. Durante o procedimento, um cistoscópio é inserido no pênis, e a próstata bloqueada é cortada.
Na doença
metastática, quando o câncer já se espalhou além da próstata, a remoção dos testículos (chamada de orquiectomia) pode ser realizada para diminuir os níveis de testosterona e controlar o crescimento do câncer. (Ver terapia hormonal, abaixo)

Terapia hormonal

A terapia hormonal usa medicamentos ou cirurgia para impedir que as células do câncer de próstata adquiram dihidrotestosterona (DHT), um hormônio produzido na próstata que é necessário para o crescimento e dispesão da maioria das células do câncer de próstata. O bloqueio do DHT geralmente faz com que o câncer de próstata pare de crescer e até mesmo diminua. Entretanto, a terapia hormonal raramente cura o câncer de próstata porque os cânceres que inicialmente respondem a terapia hormonal geralmente se tornam resistentes após um ou dois anos. A terapia hormonal é então usada quando o câncer já se espalhou da próstata. Também pode ser administrada para alguns homens que estão sob radioterapia ou fizeram cirurgia, para prevenir o retorno de seu câncer.
A terapia hormonal para o câncer de próstata age nas vias metabólicas que o corpo usa para produzir a DHT. Um
ciclo de retroalimentação envolvendo os testículos, hipotálamo, hipófise, supra-renais e próstata controla os níveis sanguíneos de DHT. Primeiro, os baixos níveis sanguíneos de DHT estimulam o hipotálamo a produzir hormônio liberador de gonadotrofina (GnRH). O GnRH então estimula a hipófise a produzir hormônio luteinizante (LH), o qual estimula os testículos a produzir testosterona. Finalmente, a testosterona dos testículos e a dehidroepiandrosterona das glândulas supra-renais estimulam a próstata a produzir mais DHT. A terapia hormonal diminui os níveis de DHT pois interrompe esta via metabólica em algum ponto.
Existem diversas formas de terapia hormonal para o câncer de próstata:
Orquiectomia é a cirurgia para remover os testículos. Como os testículos produzem a maior parte da testosterona do corpo, a sua remoção cirúrgica faz com que os níveis de testosterona caiam logo em seguida. Com isso, a próstata não somente deixa de receber estímulo da testosterona para produzir mais DHT, como também não possui testosterona suficiente para transformá-la em DHT.
Antiandrógenos são medicamentos como flutamida, bicalutamida, nilutamida, e acetato de ciproterona que diretamente bloqueiam as ações da testosterona e da DHT no interior das células do câncer de próstata.
Medicamentos que bloqueiam a produção dos andrógenos supra-renais como a DHEA incluem o
cetoconazol e a aminoglutetimida. Como as glândulas supra-renais produzem somente cerca de 5% dos andrógenos do corpo, estes medicamentos são geralmente usados somente em combinação com outros métodos que possam bloquear os 95% de andrógenos produzidos pelos testículos. Estes métodos combinados são chamados de bloqueio androgênico total (BAT). O BAT também pode ser obtido com o uso de antiandrógenos.
A ação do hormônio liberador de gonadotrofina pode ser interrompida de duas maneiras. Os
antagonistas do GnRH impedem a produção de LH diretamente, enquanto os agonistas do GnRH inibem o LH através de um processo de regulação para baixo (downregulation) após um efeito de estimulação inicial. Abarelix é um exemplo de antagonista do GnRH, enquanto os agonistas do GnRH incluem leuprolida, goserelin, triptorelin e buserelin. Inicialmente, os agonistas do GnRH aumentam a produção do LH. Entretanto, como o constante fornecimento desta medicação não coincide com o ritmo de produção natural do corpo, a produção de LH e GnRH diminui após algumas semanas.
Os tratamentos hormonais que mais têm sucesso são a orquiectomia e os agonistas do GnRH. Apesar de seu elevado custo, os agonistas do GnRH são geralmente escolhidos ao invés da orquiectomia, por questões cosméticas e emocionais.
Cada tratamento possui desvantagens que limitam seu uso em certas circunstâncias. Apesar de a orquiectomia ser uma cirurgia de baixo risco, o impacto psicologico da remoção dos testículos pode ser significante. A perda de testosterona também causa ondas de calor, ganho de peso, perda da
libido, aumento das mama (ginecomastia), impotência e osteoporose. Os agonistas do GnRH podem causar os mesmos efeitos da orquiectomia mas podem causar piores sintomas no início do tratamento. Quando os agonistas do GnRH começam a ser usados, os aumentos de testosterona podem levar a uma dor aumentada nos ossos (originada do câncer metastático), então antiandrógenos são usados para diminuir estes efeitos colaterais. Os estrógenos não são comumente utilizados pois eles aumentam o risco de doença cardiovascular e trombose. Os antiandrógenos geralmente não causam impotência e geram menos dor nos óssos e massa muscular. O cetoconazol pode causar lesões no fígado com o uso prologando e a aminoglutetimida pode causar rashes cutâneos.

Prognóstico:

As taxas de câncer de próstata são maiores e o prognóstico é pior em países desenvolvidos do que no resto do mundo. Muito dos fatores de risco para o câncer de próstata são mais prevalentes nos países desenvolvidos, incluindo maior expectativa de vida e dietas rica em carne vermelha e derivados do leite.
Também, onde há maior acesso a programas de monitoramento, existe uma taxa maior de detecção. O câncer de próstata é o nono câncer mais comum no mundo, mas é o primeiro câncer (excluindo os de pele) em homens nos Estados Unidos. O câncer de próstata afetou dezoito porcento dos homens norte-americanos e causou morte em 3% em 2005. No
Japão, as mortes por câncer de próstata foram 20% a 50% das taxas nos Estados Unidos e Europa nos anos 1990s. Na Índia, nos anos 1990s, metades das pessoas com câncer de próstata restrito à próstata morreram em 10 anos. Homens negros possuem 50-60 vezes mais câncer de próstata e mais mortes por câncer do que homens em Shanghai, China. Na Nigéria, dois por cento dos homens desenvolvem câncer de próstata e 64% deles morrem após dois anos.
Em pacientes sob tratamento, os indicadores de prognóstico clínico da doença são o estadiamento, nível de PSA antes da terapia e escore de Gleason. Em geral, quando maior o grau e o estadiamento, pior o prognóstico. Pode-se utilizar
normogramas para calcular o risco estimado de um paciente. As predições são baseadas em experiências em grandes grupos de pacientes que sofreram de câncer em diversos estadiametos.

sábado, 25 de abril de 2009

Contactos da Acreditar

A Acreditar é uma Instituição Particular de Solidariedade Social que pretende ajudar as crianças e as respectivas famílias a superar melhor os diversos problemas que se colocam a partir do momento em que é diagnosticado o cancro, contribuindo para fomentar a esperança.Há, de facto, razões para fundamentar essa esperança: actualmente, cerca de 70% dos cancros infantis pode ser totalmente curada e cada dia que passa se registam progressos na luta contra a doença.A Acreditar vive essencialmente dos apoios dos seus associados e amigos, do trabalho de voluntários e de um reduzido corpo de pessoal administrativo que assegura a sua gestão corrente.O seu trabalho reparte-se por Núcleos Regionais: Norte (Porto), Centro (Coimbra), Sul (Lisboa) e Madeira (Funchal), correspondentes aos centros urbanos onde existem hospitais de oncologia pediátrica. A Acreditar é membro fundador da ICCCPO (Confederação Internacional das Associações de Pais de Crianças com Cancro).

Núcleos da Acreditar

Região Sul
Acreditar - Núcleo Regional Sul Rua Prof. Lima Basto, 73 1070-210 LISBOA Telefone: 217 22 11 50 Fax: 217 22 11 51 E-mail: acreditar@acreditar.pt

Região Centro

Acreditar - Núcleo Regional CentroAv. Dr. Armando Gonçalves, Lote 20 Centro Comercial Sol - Loja 13 3000-059 Coimbra Telefone: 239 482 027 Tm: 912 304 983 Fax: 239 482 027
E-mail:
a.acreditar_coimbra@sapo.pt

Região Norte

Acreditar - Núcleo Regional NortePraça das Violetas, 254250-497 Porto Telef: 225 480 405 Tm: 916 897 226
E-mail:
acreditar_nrn@acreditar.pt

Região da Madeira

Acreditar - Núcleo Regional da Madeira
Av. Luís de Camões
Complexo Habitacional do Hospital, Bloco 33, r/c Esq.
9000-168 Funchal
Telefone: 291 742 627
Fax: 291 745 990


http://www.acreditar.org.pt/

Alimentação e o cancro



O papel da nutrição na saúde pública constitui, actualmente, uma das áreas de maior importância na investigação científica e na política de saúde de qualquer país desenvolvido.

Cada vez são mais as evidências que a alimentação inadequada (tendo em conta o consumo de álcool), junto com a inactividade física e a obesidade, constituem factores fundamentais no desenvolvimento de um grande número de graves doenças crónicas, tais como a diabetes, as doenças cardiovasculares, a osteoporose e o cancro, entre outras.

Estatisticamente traduz-se no facto de uma parte significativa das mortes que ocorrem por cancro serem devidas a factores dietéticos.

Os tumores relacionados com a alimentação inadequada e álcool são o cancro da boca e faringe, da laringe, esófago, fígado, pâncreas, pulmão, colo-rectal, mama, próstata e rim.

Actualmente existe consenso relativamente aos conselhos para manter uma alimentação saudável, que proteja os indivíduos do aparecimento de certas patologias, que, segundo a American Heart Association (1996) devem ser:

1. Fazer uma alimentação variada, para conseguir o equilíbrio entre os diferentes nutrientes;
2. Reduzir o consumo de gorduras, especialmente saturadas e colesterol;
3. Alcançar e manter o adequado índice de massa corporal (20-25);
4. Aumentar o consumo de hidratos de carbono complexos e de fibras alimentares;
5. Reduzir o consumo de sódio; Não consumir ou reduzir o consumo de álcool abaixo dos limites de risco.


Uma dieta alimentar – o que comer?

Que comer?




POUCO
Açúcar, manteiga, margarina (óleo)

MODERADAMENTE
Produtos lácteos, carne, peixe, ovos

MUITO
Verduras, fruta, legumes, cereais




Quando comer?




ALGUMAS VEZES POR MÊS
Carne vermelha

ALGUMAS VEZES POR SEMANA
Doces, ovos/frango, peixe

DIARIAMENTE
Queijo, lacticínios, azeite, legumes, fruta, verduras, hortaliças, pão, cereais.

Fonte: Guias de Educação e Promoção da Saúde, DGS

Comendo bastante fruta e vegetais pode reduzir-se o risco de cancro para menos de metade em relação a todos aqueles que têm uma dieta pobre nestes alimentos

Exemplos de ligeiras refeições sadias e nutritivas:
· Iogurtes de fruta variados.
· Vegetais frescos e fruta, tais como banana, maçã, ameixa, laranja, tangerina, melancia, etc.
· Uma sandes fresca, por exemplo de fiambre ou queijo com alface, pepino, tomate, etc.
· Doces, como geleia, mel ou compotas de diferentes frutos.

Deve comer cinco a oito suplementos todos os dias, de fruta ou vegetais. Uma média de seis é boa. Constitui um suplemento:
· Um tomate grande
· Uma chávena de vegetais cozidos
· Uma peça de fruta
· Uma taça de morangos ou cerejas
· Uma colher de geleia
· Um copo de sumo
· Uma cenoura
· Uma porção de grelos (couve ou nabo)
· Duas ou três rodelas de pepino

Os vegetais e a fruta são alimentos muito saudáveis e com uma variedade tão grande que quase toda a gente tem a possibilidade de encontrar qualquer coisa que agrade ao seu paladar.

Comer contra o cancro

A alimentação ajuda a combater o cancro
Em “Diário de Notícias” 2/08/2007

COMER CONTRA O CANCRO



Dieta. Cada vez mais, a saúde passa pela alimentação. Avaliar o que comemos pode dar uma ideia do risco que cada um ter de vir a sofrer de cancro e de que protecção beneficia. A carne vermelha é sinal de perigo. Os lacticínios protegem.

Há alimentos que protegem das neoplasias

Ingerir fibras, como as que encontramos nos cereais integrais, previne o cancro do cólon. O leite e o queijo parecem igualmente trazer benefícios. A cebola e o alho ajudam a evitar alguns tumores do estômago e do esófago.

De uma maneira geral, é aconselhada a ingestão de frutas e vegetais, mas por exemplo, estes alimentos não parecem estar relacionados com uma diminuição do risco do cancro da mama ou da próstata. A alimentação é cada vez mais chamada a explicar casos de cancro e, crescentemente, a investigação científica tem vindo a debruçar-se sobre a relação entre a dieta e a saúde.


Contudo, a tarefa dos investigadores não tem sido fácil e a relação com os alimentos também não, porque é uma associação nem sempre simples de medir e seguir, não surgindo de forma evidente. Um dos estudos mais importantes neste campo tem sido o EPIC, um projecto internacional que tem trazido grandes contributos para o conhecimento do cancro através da participação de mais de meio milhão de europeus. Fátima Carneiro, investigadora do Instituto de Patologia e Imunologia Molecular da Universidade do Porto (Ipatimup), que está envolvida no projecto na parte do controlo de diagnóstico, explica que esta base de estudo “tem um valor inestimável”.

O desenho de corte – que está na base do EPIC – tem uma importância capital na ciência: a ideia é seguir um conjunto populacional ao longo de vários anos, às vezes décadas, avaliando inúmeros factores, como é o caso da dieta alimentar.

Ou seja, os cientistas acompanham uma população real no seu dia-a-dia. A “importância capita” do EPIC, explica ainda a patologista do Porto, reside no facto de ter conseguido agregar mais de 500 mil pessoas – recrutadas entre 1992 e 1998 – vindas de dez países como a Dinamarca, França, Alemanha, Grécia, Itália, Holanda, Noruega, Espanha, Suécia e Reino Unido, Portugal não tem participantes nacionais envolvidos neste projecto, que tem vindo a armazenar as amostras biológicas em Lyon (França).

Um dos estudos recentes “saídos” do projecto EPIC, financiado por uma série de instituições europeias, é o trabalho que relaciona a ingestão de carne vermelha com o cancro de estômago e do esófago. É já um dos artigos, publicados no International Journal of Cancer, mais citados em todo o mundo.

Muitos estudos têm falhado em encontrar ligação entre a dieta alimentar e o cancro (com sucessivos resultados e descobertas contraditórias a serem recorrentemente publicadas) porque existem diferentes tipos de neoplasias mesmo dentro de cada órgão, e os factores de risco variam. Por isso, uma das componentes que contribuem para a solidez do EPIC diz respeito à confirmação dos diagnósticos de cancro por análise patológica, em que Fátima Carneiro tem estado envolvida.

No que diz respeito ao cancro do estômago, os investigadores distinguiram dois tipos diferentes, consoante a sua localização: os de tipo cárdia (na zona de transição entre o estômago e o esófago) e os não-cárdia, relativos a outras zonas deste órgão digestivo.

Assim, o consumo de qualquer tipo de carne vermelha e cozinhada, está significativamente associada ao cancro de estômago não-cárdia, risco significativamente agravado quando há infecção pela Helicobacter pylori (bactéria responsável pelas gastrites). Os investigadores não encontraram relação entre o tipo de cancro de estômago de tipo cárdia e uma associação positiva, mas não significativa, entre o consumo de carne e a neoplasia do esófago.

Um terço dos tumores tem explicação na dieta alimentar

Estilo de vida. A mortalidade oncológica pode ser evitada em 33% dos casos.

O aumento da incidência de alguns cancros, como o do cólon, no mundo ocidental, tem evidenciado a importância da dieta alimentar para identificar os factores de risco para determinadas neoplasias. A Organização Mundial de Saúde estima que, em média, um terço dos cancros estão relacionados com o tipo de comida que as pessoas ingerem.

O problema está ainda na forma como é confeccionada e, claro, na ausência de determinadas substâncias que se sabe terem um efeito protector.

Os cientistas estimam que, por exemplo, o estilo de vida tenha sido responsável em 2001 por mais de um terço das sete milhões de mortes atribuídas ao cancro. O estudo da Universidade de Harvard, publicado na revista The Lancet, adianta que nove factores de risco – que podem ser alterados pelos homens – foram responsáveis por quase 2,5 milhões de mortes. Entre eles estão nomeadamente no que diz respeito à dieta alimentar, o baixo consumo de frutas e vegetais e o abuso de álcool. Entre os outros factores, contam-se a obesidade, a falta de exercício físico, o tabaco e a poluição.


Um estudo sobre o cancro gástrico realizado no Porto demonstrou, por exemplo, que o consumo de frutas e vegetais são um factor de protecção. O trabalho – que envolveu uma equipa do Departamento de Higiene S. João e do IPO – estudou mais de 230 casos de cancros gástricos e verificou que existe uma relação negativa entre estas neoplasias e aqueles ingredientes, ainda que a razão desta associação permaneça por exemplificar.

Nuno Lunet, um dos investigadores do DIE que trabalharam neste projecto, realça que as associações entre o cancro e os factores alimentares “são difíceis de avaliar”, porque a alimentação é “muito complexa”. Além de que “o cancro demora muitos anos a desenvolver e é difícil perceber o papel dos alimentos ao longo das várias fases”.

Por exemplo, explica, “os frutos e vegetais têm um factor protector, mas isso não vale para todos os cancros”. Mais consensual é que “o controlo do peso” é um factor essencial à Saúde.
Certo é que o fardo oncológico vai continuar a pesas nas sociedades modernas. De acordo com um estudo publicado nos Anuais de Oncologia, em 2006 registaram-se 3,2 milhões de novos casos de cancro na Europa, quando em 2004 esse valor se ficou pelos 2,9 milhões. Os cancros mais mortíferos são o do pulmão, o colorrectal, da mama e de estômago. Um dos investigadores responsáveis pelo estudo defende que são necessárias medidas urgentes para inverter esta tendência: entre elas está melhorar a dieta alimentar dos europeus.

Combater a obesidade é uma das metas

Epidemia. O excesso de peso e a gordura abdominal explicam cancro do pâncreas e da próstata.

O controlo do peso parece ser um factor cada vez mais importante quando se trata de manter a saúde e também aí a dieta alimentar, juntamente com o exercício físico, que é uma peça fundamental. O estudo EPIC demonstrou que, por exemplo, o excesso de peso e a obesidade estão relacionados com o aparecimento do cancro da mama, nas mulheres, depois da menopausa, e do cancro de rim e do esófago.


A gordura corporal tem aí um papel essencial e a sua acumulação na zona abdominal, por exemplo, explica um maior risco de cancro do pâncreas. Outro trabalho, realizado por uma equipa do Hospital de S. João, no Porto, demonstrou também que, para os homens, o excesso de peso que se torna visível sobretudo à volta da cintura é especialmente perigoso no que diz respeito ao cancro de próstata.

A obesidade, considerada uma das epidemias do século XXI, está ainda relacionada com outras patologias, como a diabetes e a hipertensão.


Guia de Alimentos

Saúde no Prato – Vários estudos científicos têm demonstrado as vantagens e os riscos em consumir determinado tipo de alimentos quando se trata de cancro.

Alho e Cebola
O consumo destes vegetais tem um efeito protector, que parece ser especialmente significativo no que respeita à defesa contra alguns tipos de cancro de estômago e do esófago.


Citrinos
Estão relacionados com a prevenção do aparecimento de cancros em zonas superiores do estômago e de adenocarcinomas do esófago, que os cientistas acreditam partilharem factores de risco. A explicação pode estar nas características antioxidantes da vitamina C.


Vegetais e Frutas
Estão relacionados com o risco de cancro do estômago e do intestino, assim como do pulmão, por exemplo, mas não da mama ou da próstata. Contudo, duma maneira geral, apenas uma porção extra diária destes alimentos reduz em 20% o risco de vir a morrer de qualquer causa.


Fibras
Consumos elevados de fibras reduzem o risco de vir a sofrer de cancro de intestino e podem anular o efeito negativo de altos consumos de carne, também demonstrados para esta mesma patologia.


Carne
Uns bons bifes podem ter como resultado um cancro do estômago e também do intestino (ainda que aqui as fibras joguem um papel protector importante). Não foi encontrada evidência de maior risco com o consumo de carnes de aves.


Peixe
O consumo regular de peixe reduz o risco de cancro colorrectal.




Lacticínios
Risco de vir a sofrer de cancro colorrectal diminui com a ingestão de leite e queijos. O efeito dos iogurtes não foi demonstrado.

Cancro,o que é?

Cancro é uma palavra da língua portuguesa que tem significados distintos e potencialmente confusos porque variam consoante a nacionalidade de quem a usa, embora estando sempre associada a doenças:

Cancro, doença que afeta a multiplicação de células, conhecida no Brasil como câncer.
Cancro sifilítico, designação dada às lesões primárias da sífilis.
Cancro cítrico, doença dos tecidos vegetais causada por bactérias, muito comum em hortaliças e plantas cítricas.

A palavra Cancro é uma designação que permite identificar de forma genérica, o vasto conjunto de doenças que são Tumores Malignos. Estes são muito diversos, com causas evolução e tratamento diferentes para cada tipo de Tumor Maligno, mas tendo em conta uma característica comum:
- A DIVISÃO E O CRESCIMENTO DESCONTROLADO DAS CÉLULAS

Divisão celular normal

O nosso organismo é constituído por unidades microscópicas, designadas por células, só visíveis através do microscópio, que se dividem periodicamente e de forma regular com a finalidade de substituir as já envelhecidas ou mortas e manter assim a integridade e o correcto funcionamento dos diversos órgãos.
O processo de divisão celular é regulado por uma série de mecanismos de controlo que ordenam à célula quando se deve dividir e quando deve permanecer estática. Por exemplo, como as células superficiais da pele se desgastam, as células subjacentes estão continuadamente a dividir-se a um ritmo predeterminado, para as substituírem. Todo este processo é regulado por “mensagens impressas” nos genes, que se situam nos cromossomas.
Quando estes mecanismos de controlo se alteram numa célula, esta e as suas descendentes (células filhas) iniciam uma divisão descontrolada que, com o tempo, dará lugar a um tumor ou nódulo.
Os cancros são o resultado de células que recebem mensagens “erradas” dos seus genes. A investigação recente mostra que, por vezes, um gene que tem estado inactivo nas células normais entra em actividade sendo responsável pelas mensagens inadequadas. Estes genes promotores do cancro são designados de oncogenes.
Quando as células recebem a “ordem” de divisão “errada” pode acontecer o seguinte:
A divisão tornar-se descontrolada: a célula cancerosa e as suas descendentes (células filhas) dividem-se mais depressa do que as células dos tecidos circunvizinhos;
As células “filhas” são geralmente menos especializadas do que as células normais a que correspondem; embora muitas vezes conservem características da célula normal, são incapazes de desempenhar as funções desta;
Como as células cancerosas continuam a dividir-se mais depressa do que as dos tecidos circunvizinhos, formam uma massa volumosa e, através de um processo designado de infiltração, começam a abrir caminho por entre as células em redor;
Ao fim de algum tempo, as células cancerosas que romperam o seu tecido podem alcançar um vaso sanguíneo ou um canal linfático, onde pequenos grupos de células do cancro podem desligar-se e circular, depositando-se eventualmente noutras partes do corpo, onde formam cancros secundários (metástases), este processo tem o nome de metastização.
A massa formada pela divisão repetida de células anormais tem o nome de tumor.
Nem todos os tumores são cancros. Existem tumores de dois tipos:
Tumores benignos, que não se espalham por metástases nem se infiltram nos tecidos circunvizinhos; muitas vezes estão envolvidos por uma cápsula que os impede de se espalharem (por exemplo um gânglio ou quisto);
Tumores malignos; ao que chamamos cancro.

Fonte: http://www.ligacontracancro.pt/default.aspx?sid=a95ef9b0-cee5-4ff0-950a-79444835174c&cntx=lo4iCrrvZ5meG53sF0%2BITYjzGtpn9QIdTiZt5imTkYw%3D

Cancro do colo do útero

Incidências e causas:

O cancro do endométrio é um dos tipos de cancro mais comuns do sistema reprodutor feminino.
Ocorre mais vulgarmente em mulheres que tiveram excesso de
estrogénio no seu sistema reprodutor, particularmente se o nível de progesterona for baixo. Os factores que podem elevar o nível de estrogénio incluem obesidade, ausência de ovulação ou administração prolongada de hormonas estrogénicas, não compensada por administração de pogestagénicos.
Diferentemente do cancro cervical, que é raro em mulheres que não tenham tido relações sexuais, o cancro do endométrio pode afectar mulheres
virgens e é mais comum nas que tenham tido poucos ou nenhuns filhos. A utilização de contraceptivos orais diminui para metade o risco de cancro do endométrio.

Sintomas e sinais:

O primeiro sintoma de cancro do endométrio numa mulher depois da menopausa é geralmente um corrimento vaginal com sangue. Em mulheres mais jovens, o primeiro sintoma pode ser menorragia (períodos muito abundantes), hemorragias entre períodos ou hemorragias depois das relações sexuais. No entanto, várias outras situações podem também ser a causa deste tipo de hemorragias.

Diagnóstico:

O diagnóstico tem de ser feito a partir de uma amostra do revestimento uterino obtida por biopsia ou por dilatação e curetagem. O esfregaço cervical (Teste de Papanicolaou) é uma forma de rastreio eficaz do cancro do útero.

Tratamento:

O cancro do endométrio em fase muito precoce é geralmente tratado através de histerectomia simples e remoção das trompas de Falópio e dos ovários. Alguns cirurgiões aconselham também a remoção dos gânglios linfáticos da pelve e do abdómen. Se o cancro se tiver disseminado, pode ser recomendada a radioterapia. Pode também ser utilizado tratamento com medicamentos antineoplásticos.
No caso de detecção e tratamento precoces, a taxa de sobrevivência de cinco anos é superior a 80%.

Cancro na pleura (tumores na pleura, denominados mesoteliomas

Olá esta será a minha primeira entrada...
Este é o tipo de cancro que os médicos dizem que o meu pai tem. Encontrei a informação. Acho que toda a gente deve ler para tambem poder prevenir.

Cancro na pleura (tumores na pleura, denominados mesoteliomas)

A asbestose é uma formação extensa de tecido cicatricial nos pulmões causada pela aspiração do pó de amianto.
O amianto é composto por silicato de mineral fibroso de composição química diversa.
Quando se inala, as fibras de amianto fixam-se profundamente nos pulmões, causando cicatrizes. A inalação de amianto pode também produzir o espessamento dos dois folhetos da membrana que reveste os pulmões (a pleura).
As pessoas que trabalham com o amianto correm o risco de sofrer doenças pulmonares.
Os operários que trabalham na demolição de construções com isolamento de amianto também correm risco, embora menor.
Quanto mais tempo um indivíduo estiver exposto às fibras de amianto, maior é o risco de contrair uma doença relacionada com o amianto.

Sintomas:

Os sintomas da asbestose aparecem gradualmente só depois da formação de muitas cicatrizes e quando os pulmões perdem a sua elasticidade.
Os primeiros sintomas são a dispneia ligeira e a diminuição da capacidade para o exercício.
Os grandes fumadores que sofrem de bronquite crónica juntamente com asbestose podem tossir e ter uma respiração sibilante.
A respiração torna-se, gradualmente, mais difícil. Cerca de 15 % das pessoas com asbestose têm dispneia e insuficiência respiratória.
Por vezes a inalação de fibras de amianto pode fazer com que se acumule líquido no espaço que se encontra entre as camadas pleurais (cavidade pleural).
Em raras ocasiões, o amianto causa tumores na pleura, denominados mesoteliomas, ou em membranas do abdómen, chamados mesoteliomas peritoneais.
Os mesoteliomas causados pelo amianto são um tipo de cancro que não se consegue curar. Geralmente, aparecem depois da exposição à crocidolite, um dos quatro tipos de amianto. A amosite, outro tipo, também produz mesoteliomas.
O crisótilo, provavelmente, não produz mesoteliomas, mas, às vezes, está contaminado com tremolite, e esta causa-os.
Os mesoteliomas desenvolvem-se, de modo geral, ao fim de 30 ou 40 anos de exposição ao amianto.
O cancro do pulmão está relacionado, em parte, com o grau de exposição às fibras de amianto; no entanto, entre as pessoas que sofrem de asbestose, o cancro do pulmão desenvolve-se quase exclusivamente naquelas que também fumam cigarros, em especial nas que fumam mais de um maço por dia.

Diagnóstico:
Nas pessoas com antecedentes de exposição ao amianto, o médico pode, às vezes, diagnosticar asbestose com uma radiografia ao tórax que mostre as alterações características.
De modo geral, a função pulmonar da pessoa é anormal e, ao auscultar o pulmão, podem ouvir-se sons anormais, as chamadas crepitações.
Para determinar se um tumor pleural é canceroso, o médico pratica uma biopsia (extracção de uma pequena porção de pleura para ser examinada ao microscópio).
Pode-se também extrair e analisar o líquido que rodeia os pulmões (um procedimento denominado toracentese); no entanto, este procedimento não é habitualmente tão rigoroso como a biopsia.

Prevenção e Tratamento:

As doenças causadas pela inalação de amianto podem prevenir-se diminuindo ao máximo o pó e as fibras de amianto no local de trabalho.
Dado que o controlo do pó melhorou nas indústrias que utilizam o amianto, actualmente é menor o número de pessoas que sofrem de asbestose, mas os mesoteliomas continuam a aparecer em indivíduos que estiveram expostos até há 40 anos.
O amianto deveria ser extraído por trabalhadores especializados em técnicas de extracção.
Os fumadores que estiveram em contacto com o amianto podem reduzir o risco de cancro deixando de fumar.
A maioria dos tratamentos para a asbestose alivia os sintomas; por exemplo, a administração de oxigénio alivia a dispneia.
Drenar o líquido à volta dos pulmões pode também facilitar a respiração.
Há casos em que o transplante do pulmão deu resultados muito positivos na asbestose.
Os mesoteliomas são invariavelmente mortais; a quimioterapia não é eficaz e a extirpação cirúrgica do tumor não cura o cancro.