sexta-feira, 9 de abril de 2010

Cancro do pâncreas

Cancro do pâncreas 
 
Tipos

No pâncreas podem-se desenvolver tumores malignos distintos, alguns provocados pelo próprio órgão e outros correspondentes à expansão directa de cancros localizados nas estruturas vizinhas ou, então, são procedentes de outros focos, até muito afastados (metástases do cancro do pulmão, mama, rins, etc.).
A maior parte dos tumores malignos primitivos do pâncreas são de tipo carcinoma, formados a partir das células que constituem os ácinos glandulares, canalículos e canais pancreáticos. Podem aparecer em qualquer parte do órgão, ainda que cerca de 70% dos casos se localizem na cabeça do pâncreas, enquanto que 20% dos casos se encontram no corpo do pâncreas e apenas 10% se desenvolvem na cauda.
Esta diferença entre eles acaba por ser de máxima importância, não tanto do ponto de vista do comportamento dos tumores, que por serem malignos têm sempre uma evolução espontânea desfavorável, mas sim no que se refere ao eventual aparecimento de manifestações precoces, aumentando as probabilidades de um diagnóstico preciso e de um tratamento eficaz. Efectivamente, os cancros que se desenvolvem no corpo e na cauda do pâncreas costumam passar despercebidos até às fases de evolução mais avançadas e, normalmente, quando são descobertos, já é tarde para aplicar um tratamento curativo. Por outro lado, os tumores que se localizam na cabeça do órgão têm, por vezes, manifestações características que servem de indício para o problema e propiciam o seu diagnóstico - ao longo do seu desenvolvimento, costumam provocar uma compressão do colédoco, canal das vias biliares que atravessa esta zona do pâncreas para terminar no duodeno, o que provoca uma obstrução do fluxo da bílis e dá lugar a uma sintomatologia especial de que se falará mais adiante.
Manifestações
O cancro do pâncreas costuma ser assintomático durante muito tempo, até que o seu crescimento gradual obstrua o fluxo das secreções pancreáticas ou da bílis até ao duodeno, alterando a função do órgão, ou então que invada as estruturas adjacentes.
As manifestações costumam aparecer em fases já relativamente avançadas da doença, excepto quando o tumor se forma no canal pancreático principal (canal de Wirsung) ou próximo do ponto em que este acaba no duodeno (ampola de Vater), uma vez que se sentem imediatamente os sintomas de uma obstrução das vias biliares (o colédoco acaba junto com o canal de Wirsung no duodeno). Assim, de acordo com a localização do tumor, pode ocorrer uma icterícia como consequência da obstrução do fluxo da bílis provocada pela compressão do colédoco.
Independentemente de este sintoma ocorrer ou não, a principal manifestação é a dor sentida na parte central e superior do abdómen e, por vezes, mais patente no flanco esquerdo ou no direito, alastrando-se até à parte central das costas. Trata-se de uma dor contínua e forte, que se mantém durante a noite e que se vai intensificando com o tempo.
À medida que o tumor se desenvolve, o paciente apresenta uma acentuada perda de apetite, náuseas e vómitos, bem como problemas digestivos provocados pela falha da função pancreática. Tudo isto origina um emagrecimento progressivo, com uma significativa perda de peso que, ocasionalmente, constitui um dos primeiros sinais da doença.
Quando a doença se encontra num estado avançado, aparecem sensações de cansaço e debilidade, febre, distensão abdominal após as refeições e manifestações típicas de falta de suco pancreático, como defecações frequentes e volumosas, com restos de alimentos mal digeridos.
Além disso, pode-se desenvolver a diabetes, se as estruturas pancreáticas incumbidas da produção da insulina (ilhéus de Langerhans) forem destruídas. Este distúrbio metabólico caracteriza-se por um  aumento da concentração de glicose (hiperglicemia) e provoca um aumento da produção de urina e uma grande sensação de sede, entre outras manifestações típicas evidentes. Nos estádios finais da doença cancerosa, o paciente afectado apresenta sinais de desnutrição e, eventualmente, sintomas derivados da infiltração dos órgãos vizinhos ou das propagações à distância do cancro (a temida metástase), com o possível desenvolvimento de numerosas e diversas complicações que colocam em perigo a sua vida.
Tratamento
O único tratamento eficaz do cancro do pâncreas é a cirurgia, com a extracção do tumor e dos tecidos adjacentes presumidamente infiltrados. Geralmente, procede-se à extracção total do pâncreas (pancreatectomia), medida que se pode complementar com a radioterapia (aplicação de radiações) e a quimioterapia (administração de medicamentos anticancerosos). Após a operação, o paciente deverá tomar preparados com enzimas digestivas e medicamentos hormonais que substituam as secreções do pâncreas durante toda a vida.
De qualquer modo, esta acção terapêutica, com intenção curativa, apenas é possível numa percentagem relativamente reduzida dos casos, quando o tumor maligno ainda se encontra nas primeiras fases da doença.
Se o cancro for diagnosticado em estádios mais avançados, como acontece na maior parte dos casos, apenas resta proceder a um tratamento de carácter paliativo, eliminando o foco tumoral e colocando sondas de drenagem para evitar a acumulação de bílis nas vias biliares, juntamente com a medicação adequada para aliviar a dor e restantes incómodos.


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