domingo, 26 de abril de 2009

Cancro do estômago

Cancro do estômago:

O cancro do estômago é o nome comum da neoplasia maligna da mucosa do estômago denominada melhor como carcinoma gástrico, que constitui quase 95% das neoplasias malignas deste órgão. Apesar de teoricamente qualquer tipo de célula poder dar origem a um cancro, outras células gástricas raramente são a origem de neoplasias malignas.

Epidemiologia
O carcinoma gástrico, derivado das células da mucosa, constitui mais de 90% dos cancros do estômago. Mais raramente podem surgir certos tipos de
linfomas (menos de 4% dos casos); tumores carcinóides (<3%)>fibroblastos (menos de 2%). Estas outras neoplasias não são geralmente denominadas na linguagem comum como cancros do estômago apesar de terem a sua origem neste órgão.
A incidência do carcinoma gástrico varia muito de acordo com os países, provavelmente devido a diferenças no tipo de alimentação. Nos
EUA (cerca de 3 mortes em 100.000 pessoas por ano), Reino Unido, França e Alemanha, por exemplo, a incidência é muito menor que no Japão, Chile ou Portugal, que com 29 mortes por 100.000 pessoas por ano tem uma das taxas mais elevadas do mundo para este tipo de cancro. É em todo o mundo uma das principais causas de morte por cancro.
A doença afecta duas vezes mais homens que mulheres e tende a surgir após a quinta década de vida.


Etiologia:

O principal factor de risco para o surgimento do carcinoma é a infecção crónica durante décadas com a bactéria Helicobacter pylori, que causa uma gastrite atrófica persistente, muitas vezes com formação de úlcera péptica. As úlceras pépticas não tratadas podem degenerar devido à grande taxa de multiplicação das células da mucosa, que tentam cicatrizar a lesão, aumentando a sua taxa de mutação (quanto maior o número de divisões com cópia do DNA maior a probabilidade de alterações genéticas).
Outros factores de risco significativos são o
tabagismo e o alcoolismo.

Progressão e sintomas:

Inicialmente os sintomas são os de uma possível
úlcera péptica gástrica ou de gastrite, contudo a grande maioria das úlceras pépticas não são cancerosas. Mesmo assim, a maior parte dos diagnósticos é efectuada aquando do diagnóstico de uma úlcera gástrica. As úlceras cursam com dor após as refeições e falta de apetite e se não são tratadas podem a longo prazo degenerar em carcinomas. É frequentemente assintomático na fase inicial, o que explica o seu mau prognóstico.
Se o cancro não é detectado na fase inicial, ele dissemina-se, primeiro directamente para a parede do
duodeno ou esófago, e depois via cavidade peritoneal, via sanguínea e linfática para qualquer órgão, formando metástases, especialmente no fígado e pulmão. Estes estágios avançados têm pior prognóstico.
Sintomas comuns das fases mais avançadas são a dor permanente e intensa na região, central logo abaixo das
costelas, do estômago (região epigástrica), por vezes irradiando para as costas; falta de apetite e emagrecimento rápido (caquexia típica de qualquer condição maligna). Se o tumor está localizado no piloro do estômago, pode haver estenose com vómitos após as refeições, que aliviam as dores. A perda continua de pequenas quantidades de sangue pode passar despercebida mas também pode causar anemia microcítica por défice de ferro. Por vezes em casos avançados a massa tumoral pode ser sentida directamente pela palpação. Outros sintomas possiveis são a ascite.

Diagnóstico:

O diagnóstico do carcinoma do estômago é geralmente feito após queixas semelhantes às de úlcera gástrica. É feita
endoscopia com recolha de amostras por biópsia, cuja análise histológica permite distinguir uma úlcera benigna de uma cancerosa.
A avaliação de grau de metastização hepático é feita através de uma exame
tomografia computadorizada.

Tratamento e prognóstico:

O tratamento é cirúrgico, mas apenas em casos detectados nos estágios mais iniciais é provável a cura. Por vezes é efectuada uma gastrectomia parcial, mas frequentemente todo o
estômago é removido (gastrectomia), sendo feita uma anastomose (comunicação) entre o esófago e o duodeno. O paciente fica limitado a alimentos pastosos e líquidos por toda a vida.
Em casos em que já ocorreu metastização disseminada, o tratamento é com
quimioterapia ou meramente paliativo, com administração de opióides.
Dos casos detectados precocemente e tratados por gastrectomia, mais de 90% vivem mais de 5 anos, correspondendo a maioria a curas verdadeiras. Apenas cerca de 15% dos doentes diagnosticados com carcinoma do estômago avançado vivem além de 5 anos após o diagnóstico, mesmo com tratamento.

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