terça-feira, 11 de agosto de 2009

O doente oncológico e a sua familía

O cancro é uma das doenças mais temidas e que evoca emoções fortes não só no doente mas também na família. O livro “ O doente oncológico e a sua família” (por Maria da Graça Pereira e Cristiana Lopes, Climepsi Editores, 2006) aborda a importância do acompanhamento psicológico do doente com cancro e da sua família. A Psicologia Oncológica é a disciplina que se debruça sobre a investigação e a intervenção nas perturbações psicossociais associadas ao diagnóstico do doente com cancro, da sua família e do serviço de saúde. É uma disciplina porque oferece um certo número de ferramentas para orientar a prática do psicólogo em contexto oncológico. Trata-se de um livro de grande significado para doentes, cuidadores e profissionais. Com efeito, para além da literatura e a referência aos estudos realizados sobres esta intervenção psicológica, a obra descreve um programa de intervenção psicoterapêutico que abarca as diferentes fases da doença oncológica, lançam um olhar sobre o doente terminal, procura avaliar o impacto da doença oncológica na família e apresenta um programa de apoio aos familiares do doente oncológico, esmiuçando as suas componentes.
Sendo provavelmente a patologia mais temida da actualidade, é um foco contínuo de ansiedade e stress, levanta problemas delicados ao processo de comunicação entre os profissionais, os cuidadores e os doentes, exige partilhas de preocupações e orienta-se pela adesão terapêutica e a qualidade de vida possível para o doente. Isto porque os tratamentos podem recorrer à cirurgia, radioterapia ou quimioterapia, com intuito de controlar ou exterminar a doença, há sempre efeitos secundários como náuseas, vómitos, prostração ou perda cabelo, acompanham-se de desconforto físico, tristeza ou medo de morrer. A gestão deste stress, a importância do suporte social e emocional justificam uma intervenção em que a psicoterapia é relevante. O ajustamento que se pretende para o doente com cancro, visa promover qualidades como sejam: espírito de luta, aceitação positiva do diagnóstico e do tratamento, relações fortes de si para os familiares e profissionais de saúde. Com efeito, a psicoterapia pode ajudar o doente a: tomar consciência dos seus medos, expressando-os de forma positiva; diminuir os níveis de depressão; desenvolver competências para lidar com o stress; desenvolver um sentimento de optimismo; adquirir uma sensação de controlo, entre outros objectivos.
Cada doente é um caso individual, mas a intervenção passa, regra geral, por algum destes estádios: a raiva ou revolta quando se conhece o diagnóstico, havendo que intervir para que o doente encare e exprima os seus sentimentos; esta intervenção passa por negociação com o doente, com objectivo de combater a depressão e estimular o espírito de luta. Segue-se a aceitação durante o tratamento, melhorando a comunicação e, depois, acompanhar o doente na fase de pós-tratamento. Quando a morte se aproxima, importa dar suporte e atender às necessidades do doente terminal. Os autores falam aprofundadamente da relação médico-doente, no estádio terminal, e das novas formas de negociação para superar a depressão, a ansiedade e o medo.
A psicologia oncológica não pode descurar a família do doente, a situação de crise pode envolver muitos familiares, gera mudanças interpessoais, sociais e ambientais. O psicólogo deverá estar atento a estes comportamentos, sobretudo na fase terminal e no processo de adaptação para o luto. Importa não esquecer que as fases de luto podem ser complexas, envolvendo entorpecimento, protesto, desespero até se iniciar a fase da recuperação. Os autores diagnosticam os factores que facilitam o processo de luto, destacam o modo como os profissionais de saúde podem ajudar o doente terminal e a importância que têm os grupos de apoio aos familiares dos doentes oncológicos.
Sendo um livro que facilita a intervenção psicológica para melhorar a qualidade de vida dos doentes, atribui um papel importante ao desempenho familiar e à superação de obstáculos de acordo com os conhecimentos actuais. Leitura altamente recomendável para cuidadores. n BEJA SANTOS

fonte: http://www.soberaniadopovo.pt/portal/index.php?news=2186

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