quinta-feira, 14 de maio de 2009

Urgências causadas pelo cancro

Urgências causadas pelo cancro


As urgências relacionadas com o cancro compreendem o tamponamento cardíaco, o derrame pleural, a síndroma da veia cava superior, a compressão da espinal medula e a síndroma hipercalcémica.

O tamponamento cardíaco é a acumulação de líquido numa espécie de bolsa que rodeia o coração (saco pericárdico ou pericárdio), que exerce pressão sobre o mesmo e interfere na sua capacidade para bombear o sangue. O líquido pode acumular-se quando um cancro invade o pericárdio e o irrita. Os cancros que mais frequentemente invadem o pericárdio são o do pulmão, o da mama e o linfoma.

O tamponamento cardíaco ocorre repentinamente, quando há tanto líquido acumulado que o coração não pode bater normalmente. Antes do início do tamponamento, o doente geralmente sente uma vaga dor ou uma pressão no peito que piora quando se deita e melhora quando se senta. Quando o tamponamento se desencadeia, o doente tem grande dificuldade em respirar e as veias do pescoço dilatam-se durante a inspiração.

Diagnostica-se o tamponamento cardíaco através de radiografias do tórax, electrocardiogramas e ecocardiogramas. Para aliviar a pressão, o médico insere uma agulha no saco pericárdico e extrai o líquido com uma seringa (pericardiocentese). Examina-se uma amostra do líquido ao microscópio para determinar se contém células cancerosas. Posteriormente, realiza-se uma incisão no pericárdio (janela pericárdica) ou tira-se um fragmento do mesmo para evitar que se repita o tamponamento. Os tratamentos adicionais dependem do tipo de cancro.

O derrame pleural (líquido na estrutura em forma de bolsa que rodeia os pulmões, ou saco pleural) pode causar dificuldade respiratória. O líquido pode acumular-se no saco pleural por muitas razões, uma das quais é o cancro. O médico drena o líquido inserindo uma seringa entre as costelas, até ao saco pleural. Se o líquido começar a acumular-se outra vez rapidamente depois deste procedimento, insere-se um tubo de drenagem através das paredes do tórax e deixa-se no saco pleural até que as condições do doente melhorem. Dentro do saco pleural podem-se instilar produtos químicos especiais para produzir uma irritação nas suas paredes e induzir a que adiram. Isto elimina o espaço onde se possa acumular o líquido e reduz a probabilidade de uma recorrência.

A síndroma da veia cava superior ocorre quando o cancro bloqueia de modo parcial ou completo as veias (veia cava superior) que levam o sangue desde a parte superior do corpo até ao coração. Este bloqueio produz a dilatação das veias da parte superior do tórax e pescoço, provocando o edema da cara, do pescoço e da parte superior do peito.

A síndroma de compressão da espinal medula verifica-se quando o cancro comprime esta ou os seus nervos, provocando dor e perda de funcionamento. Quanto mais prolongado é o défice neurológico, menos probabilidades tem o doente de recuperar as funções nervosas normais.

Em geral, o melhor é começar o tratamento entre as 12 e as 24 horas depois do aparecimento dos sintomas. Administram-se corticosteróides, como a prednisona, por via endovenosa (para reduzir a inflamação), e radioterapia. Por vezes, quando não se conhece a causa da compressão da espinal medula, a cirurgia pode ajudar a precisar o diagnóstico e a tratar o problema, permitindo ao cirurgião descomprimir a espinal medula.

A síndroma hipercalcémica ocorre quando o cancro produz uma hormona que aumenta a concentração de cálcio no sangue ou invade directamente os ossos. A pessoa apresenta um estado de confusão que pode evoluir para o coma e causar a morte. Vários medicamentos podem reduzir rapidamente a quantidade de cálcio no sangue.

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