segunda-feira, 20 de julho de 2009

Cancro do pulmão: 6 perguntas

Cancro do Pulmão: Seis Perguntas Frequentes

Dr. Fernando Barata

O que é o cancro? Como todos os órgãos do corpo, os pulmões são feitos de muitos tipos de células. Normalmente, essas células dividem-se para produzir novas células quando o corpo necessita delas.



Este processo normal, discreto, mas ordenado e controlado mantêm-nos saudáveis. O cancro surge quando uma ou mais células se descontrolam, persistem desordenadas e se dividem de forma repetida descoordenadamente. Esta multiplicação celular anormal, este crescimento não regulado e anárquico origina o cancro.


Continuando a multiplicar-se de forma desordenada, este bloco de células pode depois invadir e alterar outros órgãos. O cancro estende-se ou metastiza para outras partes do corpo onde novos tumores se desenvolvem.


No cancro do pulmão, a proliferação anormal é inicialmente pulmonar. Com o tempo algumas dessas células podem chegar aos nódulos linfáticos, enquanto outras, através do sangue se espalham para outros órgãos nomeadamente o fígado, os ossos e o cérebro.



O que causa o cancro do pulmão?


Cerca de 85% do cancro do pulmão no homem e 65% do cancro do pulmão na mulher são causados pelo fumo do tabaco. Só na segunda metade do século XX, 60 milhões de mortes à escala mundial foram causadas pelo tabaco.


Aproximadamente metade dos fumadores regulares morrerão na sequência desse consumo. No tabaco há muitas substâncias carcinogénicas, isto é, substâncias capazes de alterar as células, transformando-as em células cancerosas. Quanto mais se fuma, maior o risco de cancro.


Se não é fumador, não experimente o tabaco. A maioria daqueles que experimentam tornam-se fumadores regulares. Se é fumador, existem muitas vantagens em deixar de fumar, mesmo em pessoas que fumaram durante anos. Nunca é tarde para parar de fumar. Mesmo em doentes com cancro do pulmão, parar de fumar diminui o risco de novos cancros.


Não fume na presença de outras pessoas. Cientistas demonstraram que não-fumadores que vivem ou trabalham com fumadores têm um risco acrescido de cancro do pulmão.


Outras causas de cancro do pulmão passam pela exposição ao amianto, em particular em fumadores ou pela exposição a substâncias radioactivas quer em minas quer noutros ambientes com exposição a essas substâncias.



Quais os sintomas


Geralmente são alguns sintomas que levam o doente a procurar o seu médico.


A tosse é o mais comum. Ocorre quando o tumor irrita os bronquios e bloqueia a passagem do ar. Muitas vezes, o indivíduo com ‘tosse do fumador' modifica a sua tosse tornando-a irritativa e persistente.


A hemorragia respiratória (hemoptise) costuma alarmar o doente e levá-lo rapidamente ao seu médico.


A dor torácica pode ser tipo pontada mas outras vezes é surda, prolongada e não resolve com analgésicos comuns.


Outros sintomas são a dificuldade respiratória, a pieira, episódios repetidos de pneumonia ou bronquite, rouquidão. Como todos os cancros, o do pulmão pode causar fadiga, perda de apetite e emagrecimento.


Outras vezes, pode causar sintomas que parecem não relacionados com os pulmões como dificuldade em engolir, dor no ombro e braço, inchaço da face e pescoço. Se o cancro já se estendeu a outros órgãos do corpo pode causar dores de cabeça, alterações do comportamento, dores ósseas ou dores abdominais.


ATENÇÃO: Estes são alguns sintomas de alerta a valorizar em especial se surgem num indivíduo fumador. Mas, nenhum destes sintomas é seguro de cancro do pulmão. Só o seu médico o pode esclarecer se eles são causados por um cancro ou por outro problema.

Que tipos de tratamento


Cirurgia, Radioterapia e Quimioterapia são os tipos de tratamentos mais comuns usados para o cancro do pulmão. Cirurgia é realizada quando é provável que todo o tumor possa ser retirado.


Com a radioterapia e a quimioterapia procuramos matar as células cancerosas evitando que elas se dividam e o tumor continue a crescer. Muitas vezes utilizamos uma combinação de tratamentos.


São três os tipos de Cirurgia mais comuns no cancro do pulmão. A escolha está dependente do tamanho do tumor, sua localização, extensão e estado geral do doente.


Segmentectomia é uma operação destinada a retirar um pequeno segmento afectado de um lobo pulmonar. Lobectomia é a intervenção cirúrgica em que se retira um lobo pulmonar. Pneumectomia é a remoção de todo um pulmão.


A Radioterapia é um tratamento local com radiação emitida por uma máquina sobre a região afectada. Ocupa uns minutos diários, durante 5 dias por semana, por várias semanas e é indolor.


Quimioterapia é um tratamento sistémico, isto é, os medicamentos injectados no sangue ou tomadas oralmente, atingem potencialmente todas as partes do corpo incluindo as áreas afectadas. È habitualmente administrada em ciclos - período de tratamento seguido de um período de recuperação. A administração é feita, no hospital, durante umas horas de um dia ou dias seguidos.

Modernamente surgiu uma nova terapêutica, especificamente dirigida ao cancro, com menos efeitos secundários, passível de administração em casa e com resultados encorajadores.



Que deve comer o doente com cancro?


Comer bem significa ingerir bastantes calorias e proteínas que evitem a perda de peso. Aqueles doentes que comem bem durante o tratamento toleram-no melhor, com menos efeitos secundários e mais força e energia.


Há doentes que não têm apetite, outros deixam de sentir o gosto dos alimentos, outros sentem-se cansados para comer e ainda outros sentem-se persistentemente enjoados, com vómitos ou ‘feridas' na boca. Procure conversar com o seu médico sobre a forma de ultrapassar estas questões.



Deve conviver o doente com cancro?


Sim. A doença cancerosa não é transmissível como uma gripe. É bom que o doente, mantenha dentro das limitações dos tratamentos, a sua actividade normal, familiar e social. Conviver e partilhar é importante.


Não esqueçamos que cada doente é diferente de outro doente que conhecemos. Também a metodologia diagnóstica e o tratamento pode ser diferente de um vizinho ou amigo que conhece. Não esqueça que sempre que tenha dúvidas, o seu médico o poderá esclarecer sobre a sua doença e as melhores opções para a ultrapassar.


tirado de: http://medicosdeportugal.saude.sapo.pt/action/2/cnt_id/2610/

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