quarta-feira, 22 de julho de 2009

Fadiga associada a anemia afecta 78% dos doentes oncológicos

Fadiga associada a anemia afecta 78% dos doentes oncológicos

Pelo menos metade dos doentes que sofrem de cancro é afectada pela anemia, uma das complicações hematológicas mais frequentes.

Pelo menos metade dos doentes que sofrem de cancro é afectada pela anemia, uma das complicações hematológicas mais frequentes. Associada muitas vezes à anemia surge a fadiga, um sintoma que perturba a qualidade de vida do indivíduo.

Para evitar estas complicações e o recurso a transfusões surgem no arsenal terapêutico os factores de crescimento, cuja eficácia é comprovada clinicamente.

Lisboa, 31 de Dezembro: ”O impacto da anemia nos doentes oncológicos é bastante elevado”, revela Pinto Ribeiro, hematologista e director do Serviço de Hematologia do Hospital de Sto. António do Porto. Trata-se da perturbação hematológica mais comum nos doentes com cancro. Estima-se que entre 20 a 60 por cento dos doentes oncológicos vão sofrer de qualquer grau de anemia.

A anemia resulta de um desequilíbrio entre a produção de glóbulos vermelhos e a sua destruição. Uma quantidade reduzida de glóbulos vermelhos torna deficiente o transporte de oxigénio para os órgãos e tecidos. “Não sendo o resultado directo da quimioterapia, a anemia nos doentes oncológicos resulta mais do efeito da própria doença, isto é, da invasão da medula”.

Segundo o especialista, “a principal consequência da anemia é a redução da qualidade de vida. Por outro lado, a capacidade de combater o cancro é também diminuída”. Os resultados de estudos que avaliaram o impacto da anemia neste tipo de doentes revelam que ¼ dos indivíduos com a complicação não tinham capacidade para trabalhar.

Todos estes factores se devem principalmente à fadiga que se associa à anemia. Cerca de 78 por cento dos doentes oncológicos são afectados por sintomas de fadiga associada a anemia. Como explica Pinto Ribeiro, a gravidade da fadiga depende da profundidade da anemia. Para além de uma limitação da actividade, a fadiga atinge o bem-estar do indivíduo até à regressão dos seus sintomas”.

Dois estudos desenvolvidos pelo US Fatigue Coaliation mostraram que 61 por cento dos doentes oncológicos sentiam que o sua actividade diária era mais afectada pela fadiga do que pela dor provocada pelo cancro. Os mesmos estudos indicam que a fadiga provocava simultaneamente problemas emocionais como a perda de auto-estima ou depressão.

Para contornar estas situações existem algumas soluções. “Se o doente que está em quimioterapia tiver uma anemia muito marcada nós podemos compensar, não só recorrendo às transfusões, como também estimulando a medula com factores de crescimento”, afirma Pinto Ribeiro.

Um desses fármacos é a darbepoetina alfa, “que tem um papel bastante activo no tratamento da anemia. Trata-se uma molécula mais activa dos que os derivados clássicos”. De acordo com o hematologista, “a experiência é recente mas do ponto de vista clínico parece ser bastante eficaz”.

Existe também “a vantagem do esquema terapêutico ser mais facilitado. A administração deste tipo de fármacos também é importante uma vez que o doente já está sobrecarregado de tratamentos. E o facto da darbepoetina alfa ter apenas uma dose semanal contribui para esse factor”.

O tratamento com a darbepoetina alfa tem também um impacto directo na redução ou a não utilização de transfusões. “Com a possibilidade de recorrer aos estimulantes da eritropoiese nós podemos comparar o custo entre as duas hipóteses. E suponho que haja vantagens nos tratamentos de estimulação”, esclarece o médico.

31 de Dezembro de 2003 tirado de: saúde sapo.pt

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